Um dia eu caminhava
E caminhando pensava em você
Em todas as maravilhas do teu ser
No teu corpo frágil, que com o meu, queria reter
Mas frágil, não é essa a verdade
Pensava em tuas mãos no meu corpo
Na tua respiração quente junto à minha
Nos olhos nos olhos de sentimentos não mais rotos
Pensava em coisas que só eu vejo
Viajava entre sorrisos, cheiros e desejos
Rodava no salão de baile de máscaras
Com as máscaras que caiam
Jogadas, esfareladas, rolavam pelo chão
Fiquei eu, assim, nu na tua frente, sem proteção
Tive medo, receio, pudores, por que não?
Tapei minhas partes, belas e feias, com as mãos
Mas ali parado, pensava e sentia
Cada vez mais eu percebia
Que nós nos refletiamos
Ali, continuávamos , parados, nos olhando
Vimos as chagas aos poucos se curando
Pensava e revivia, todas essas coisas
As cicatrizes ainda estavam lá
Ainda havia muito o que curar
Mas era a nudez, tão verdadeira
Que o poeta, um dia herói
Prostrou-se de joelhos
Diante da força da certeza
Deste mundo depois dos espelhos
Pois não importa, sei que dói
Mas existe algo mais forte que a dor
Que vem da beleza nua, sem máscaras
Da união dos espelhos, contra o que for
E assim, pensava eu em ti
No sorriso em silêncio do que prometi
Caminhava, pensava e agradecia
Pela queda das máscaras
Que um dia eu servia
Caminhava e pensava
E junto ao meu peito te sentia