domingo, 30 de setembro de 2007

Poema 97 - Medos e Lamentos


Eu tenho medo de quebrar a cara
De perder essa coisa tão rara
Mas tenho mais medo de não entregar
Meu pequeno coração, a te amar

Andei perdido por muito tempo
Agora é estranho, não haver mais lamento
Dentro de um peito tão lamurioso
O que há agora, é algo glorioso

Tenho medo, sim, muitos
Mas o maior é viver em luto
Por não entregar-me e nos curar

Ambos ao mesmo tempo
Tenho medo de voltar ao lamento
E no medo apenas ficar

sábado, 29 de setembro de 2007

Poema 96 - O Velho Matuto


"Eita, lezera, tá lascado!"
Disse assim, o caboclo arretado
'tava sentado na varanda
Na sombra do pé de manga

Sabe o que diz o velho matuto
Tem a esperteza do mundo
Mas passa o tempo mudo
Pensando em quase tudo

Quando fala, sai de baixo
Parece quase um desabafo
Corro para ouvir seu discurso

De meia dúzia de palavras
Muitas feias como larvas
Mas sempre de bom uso

Poema 95 - Sabedoria Popular


Na vida não se recupera
O tempo já tão defasado
Mas se estufa o peito desgastado
E em tudo a gente se esmera

Devagar, vamos indo em frente
Frase batida, tão recorrente
Sem colocar os bois na frente
Dessa carroça, minha gente

Certo é que quem planta colhe
Me disseram: menino, olhe
Aonde amarra a tua égua

Mas bandeira branca, trégua
Contra essa chuva forte
Só com reza e sorte

Poema 94 - Terra do Nunca


Veja só minha situação
Seria cômica, não fosse trágica
Vive pulando entre mágicas
Vivendo sem crescer, em ilusão

Agora vem a vida me cobrar
Que eu seja o que mal entendo
Que aprenda a jogar
Com estas novas regras, me comendo

Vai com calma, vida nova
Acabo de sair da fantasia
Realidade, vê se não me estorva

Não posso entrar assim de sola
Nessa tua antiga sinfonia
Mas me dedico a tua norma

Poema 93 - Ovo na Garganta


Foi-se o vazio e veio o novo
É um nó na garganta, um ovo
Trocar seis por meia dúzia
Fruta de passadas dúvidas

Agora vem tudo de uma vez
Buscando corrigir os problemas
Vem o mundo com sua solidez
Esfregando em mim seus emblemas

Mas calma, devagar, sou novo nisso
Apenas alguém crescendo
Buscando seu próprio compromisso

Mas fica o ovo aqui entalado
Gritando: rápido! estou atrasado!
Digo, devagar ou acabarei perecendo

Poema 92 - Desgosto


O mal das pós-modernidade
É que tudo é questionável
Preciso de uma nova identidade
Pois esta de agora, é lamentável

Se me questiono a todo instante
Qual será a verdade insinuante
Posto que se é verdade e é real
Deveria sentí-la como tal

Mas busco e rebusco 
Isso é um fato constante
Não sei aonde me encontro

Enfim, chega desse lusco-fusco
Cansei desse questionar irritante
Fico só com meu desgosto e ponto

Poema 91 - Vida Nova


Nessas guerras cotidianas
Lutando contra nós mesmos
Escravos da vida mundana
Correndo no labirinto a esmo

Somos marionetes do mundo inconsciente
O despertar na ponta dos dedos, premente
Sair da casca é difícil, estamos dormentes
Depois da dor, germina a semente

Eis-me aqui, em gritos e berros
Finda uma vida, outra eu quero
Adeus este mundo do passado

Seja bem-vinda, vida nova
Mas não te aguardo
Vivo sincero, ainda que sem forma

Poema 90 - Homenagem ao Último Samurai - O Amor


O amor vem da cumplicidade
Cumplicidade do sorriso silencioso
De evento sem toque, mas harmonioso
O amor se irradia por sua simplicidade

Quando se ama, ama-se em expoente
Multiplica-se a sensação tão presente
Porque amar é sentir mesmo distante
Quem se ama a todo instante

Nesse amor, tão dificil, complicado
Misterioso, que se busca no ser amado
É tão fácil, tão simples, é o sorriso

Que vem do retorno ao lar, purificado
De viver de mundo em mundo, solitário
Enfim é o lar, quem se ama, paraíso

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Poema 89 - Revolução


Revolução

Sinto à tempos os ventos
da revolução me caustigando
as vezes é Gaia declamando
no mundo seus lamentos

Outros ventos são meus
Queda da Babilônia interior
Para construir a Shangri-lá de explendor
Acabando com meus fariseus

Em ti também percebo
O giramundo retumbante
em avanço pequeno, mas constante

Venham ventos sem demora
Destruir tais mundos de agora
Criar campos férteis de enlevo

Poema 88 - Aprendizado


Certas coisas se aprende
Mais pelo e para os outros
Quando a vida te joga na parede
Te fazendo sentir-se tolo

É como ser um filho
Só se aprende ao ser um pai
Quando o amor à outro vai
Vemos nosso próprio brilho

Contraditório isso, não?
Dizem: "Viva em plenitude!"
"Goze a vida em plenitude!"

Mas a vida está no caixão
Minha morte, para que outro viva
Só assim aprende-se sobre a vida

Poema 87 - Aprendizado II


O aço fica forte no fogo
A dor tempera o homem
Gostaria de ver outro nome
Ter o amor como jogo

Por que pela dor tem que ser
O aprendizado deste mundo?
Cadê o botão de mudo
Dos que não posso ver?

Existem outras opções
Não falo apenas sermões
Não é moral, cívica ou ordem

É a esperança que não morre
De sentir em fé algo mais
De precisar ver-te em paz

Poema 86 - Confusão


Sou frágil e pequeno
Arrogância, meu modelo
Neste ciberpunk pós-moderno
Acreditei no indivídual de inverno

Ganância, luxúria e egoísmo
Bebi com orgulho e heroísmo
Crendo em propaganda de microondas
Achei que justiça e amor eram bobas

Mas quiseram as virtudes
Pela dor, mostrar-me quitutes
Outros mundos, tão estranhos

Mas desconfiança eu entranho
Peço ajuda na reconstrução
Pois não sei viver em solidão