terça-feira, 28 de abril de 2009

Poema 174 - Luiza

Foi-se embora a bela rosa
Todo o som, meus espinhos
Pois é de egoísmo visceral
Minha canção, meu martírio

Quis regar-te em prosa
Mas a vida é ato e vinho
infeliz, poeta de puro mal
Meu egoísmo, bebi em delirio

Fui mesmo o pior dos teus tempos?
Quis ser o eterno ao teu lado
Mas o fim, comigo é certo

Pois, o poeta é de remendos
Solidão em pano cravado
Sê frutífera em teu céu aberto

Poema 173 - Velha Roda

Velha roda, gira-mundo
O final é sempre igual
A vida é um ritual
Onde jazo cego e mudo

Meu contato é auditivo
Em decibéis elevados
Como rock destrutivo
De imperfeitos nublados

Outra vez o mesmo rito
Preso na alma o grito
Além de cego, agora mudo

Pois o peregrito é o que é
Poeta errante, estrada a pé
Alheio de si e do mundo 

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Poema 172 - Vida

Essa vida que é roda
Gira, sempre a mesma
Nada de novo, só troça
Vivendo em passo de lesma

Dessa vida-flor em resma
Início semente, qual teu fim?
Dessa divisão de escolhas
Teu buquê, nem sempre carmim

Porque tua perda é vital
Dessa vida e dessas pétalas
Algumas flores jazem rolhas

Noutras a estrada essencial
Quem diria à roda, eu e ela
Outra vez poço, roda ou janela?