quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Poema 230 - Emotivos


19/09/2009 - 14:49

Não gosto de pessoas emotivas
Transbordantes de emoção
Tudo é engôdo e comoção
Redeiam com choro, cativas

Não é por culpa delas
É culpa do exagero
Quem aguenta as mazelas
De viver no desespero?

Porque emoção demais
Mais sofre do que apraz
Dor, martelada à lembrança

Alegria, é andança
Rápido vem, rápido vai
Nessas almas sem paz

Poema 229 - Piscadas


01:36 - 18/09/09

Tudo anda agitado
Durmo, pisco, acordo
Meu rítmo compassado
No íntimo, discordo

Mas sigo entre dias
Condicionado, maquinal
Dopado em fantasias
Esperando pelo final

Final que não chega
Até a revolta estourar
Meu antevo a guiar

O atávico não se nega
Rompe o que é imposto
Quando pisco, a seu gosto

Poema 228 - Para Tchekov - Meu Estojo


18/09/09 - 01:18

Foge, foge seu tolo
Foge de ti mesmo
Enterra-te ao pescoço
No correr a esmo

De quem busca em vão
Em sentimento e entregas
Um sentido, entre setas
Sem saber dizer não

Foge, senão aceitas tudo
Como sempre fizestes antes
Calado, morto e mudo

Porque é isso tua fuga
Um controle de figurante
De não saber-se quem atua

Poema 227 - Choro


18/09/09 - 01:10

Hoje quis chorar sem motivo
Não foi por nada nem ninguém
Não era tristeza, era além
Era choro primitivo

Desses sentimentos sinceros
Que agarram, se enterram
Arrastam-se por dias, sim
Sem aviso, vão embora por si

E de melancólico sorriso
Mutam-se em euforia-narciso
Pois há tudo de fora se esquece

Porque o choro por choro
Me torna uno ao outro
É choro triste que aquece

Poema 226 - Dor


02/08/09 - 20:38

Até quando a dor virá
Como sopro, sensação no ar
Ao te ouvir, suspiro e riso
É dor, dor que preciso

Dor que vem de ti
Minha alma não se cura
Não pode, não quer
Culpa minha, culpa tua

Tua dança, meu martírio
Quem ousa quebrar o rítmo
Tua letra, meu declínio

És vórtex do íntimo
Tua tristeza, depressão
Minha dor, só expressão

Poema 225 - Amor Choroso


02/08/09 - 20:32

Porque o amor veio e passou
No fim foi vento, se cansou
Outro amor virá, como roda
Quem ouve o som? Som da moda

Amor não é moda ou passageiro
Nem invenção de Shakespeare
Amor é real, não zombeteiro
Nem acadêmico objeto por vir

Digam o que quiserem
Há amor real por aí
Sussurrando aos que querem

Amor não morre, mesmo que novo
É o aconchego do sorrir
Quando já velho, esperançoso

Poema 224 - Amor?


02/08/09 - 18:46

Amor, o mundo está pleno
Palavras frias na noite
Quem pode na pele vê-lo?
Frio, explorado, um corte

Amor, nem romance ou tragédia
Apenas duas mãos em enlace
Além dos olhos, da imagética
O calor que tanto bate

Aonde estás? Aonde?
Amor... Não desejo. Sincero!
Nem festa ou bolero

Sê real! Não te esconde
Amor, não do mundo
Amor, amor profundo

Poema 223a - Considerações Sobre a Paixão Revisitado


16/02/2011 - 19:56

não tinha meu agrado
nem sorriso ao seu lado
mas tinha algo bravo
naqueles olhos raros
a loucura da vontade
da vida de verdade
que arrebata e devora
quem serve-se por fora
e escapa-se a lembrança
apenas brilho e dança
daqueles olhos, é herança

Poema 223 - Divagações Sobre a Paixão


22/07/2009 - 23:20

e o mais estranho de tudo
que não tinhas formosura
como eu tanto desejara
nada em ti, era como nas mulheres
que meu corpo cobiçara
nem mesmo representavas
os desejos do passado
objetivos carnais
cumpridos em antigas relações
nada tinhas do que eu tanto prezava
nada eras daquilo que eu buscava
e ainda assim, estavas ali
nem mesmo o sorriso
por quem tantas me derreti
nem esse princípio antigo
me chamou a atenção
nada tinhas para eu dizer
que bela, meu coração
e mesmo assim, estavas ali
mas tinhas algo que ninguém
antes teve, assim tão claro
havia algo em teus olhos
insanidade talvez, pensei
possível, até provável
mas não era loucura
sincera ou palpável
era tênue, e te permeava
mas o que vi, sincero
foi desejo, puro e intenso
desejo por si mesmo
para ir além do que eras
vontade de vida
desejo
única palavra capaz de descrever
o que vi em teus olhos
suficiente para me arrebatar
tirar-me do centro
deixar tudo confuso
porque tantas vezes percorri
outros corpos e paixões
mas nenhuma delas foi entrega
só luxúria e aproveitações
mas aqueles olhos
aqueles olhos....
teu desejo tão intenso
não consigo lembrar de teus olhos
só do brilho

Poema 222 - Epifania Mariana, Epifania


20/07/09 - 01:38

...e de repente, ela abriu os olhos
foi uma surpresa, em meio a multidão
um desatino no corpo, na alma, explosão
uma epifania, cobriu o corpo em óleos

...e sem demora, o mundo coloriu-se
tantos fragmentos, encaixaram-se
a tortura de longos anos, passará
foi tão simples, enfim, sangrará

...e sem alarme, a pressão desfez-se
afinal, o turbilhaõ de sentimentos
precisa ter vazão, sem mais lamentos

...e agora ela? Ela perguntou-se
o que fazer com as peças brilhantes
o único jeito, é trilhar adiante