22/07/2009 - 23:20
e o mais estranho de tudo
que não tinhas formosura
como eu tanto desejara
nada em ti, era como nas mulheres
que meu corpo cobiçara
nem mesmo representavas
os desejos do passado
objetivos carnais
cumpridos em antigas relações
nada tinhas do que eu tanto prezava
nada eras daquilo que eu buscava
e ainda assim, estavas ali
nem mesmo o sorriso
por quem tantas me derreti
nem esse princípio antigo
me chamou a atenção
nada tinhas para eu dizer
que bela, meu coração
e mesmo assim, estavas ali
mas tinhas algo que ninguém
antes teve, assim tão claro
havia algo em teus olhos
insanidade talvez, pensei
possível, até provável
mas não era loucura
sincera ou palpável
era tênue, e te permeava
mas o que vi, sincero
foi desejo, puro e intenso
desejo por si mesmo
para ir além do que eras
vontade de vida
desejo
única palavra capaz de descrever
o que vi em teus olhos
suficiente para me arrebatar
tirar-me do centro
deixar tudo confuso
porque tantas vezes percorri
outros corpos e paixões
mas nenhuma delas foi entrega
só luxúria e aproveitações
mas aqueles olhos
aqueles olhos....
teu desejo tão intenso
não consigo lembrar de teus olhos
só do brilho