sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Poema 202 - Como diria Vinícius


A Série Fósseis foi escrita antes de eu começar a escrever poemas. São poemas iniciais, feitos no ano 2000. Perdidos em anotações velhas e cadernos gastos. Talvez mais para a frente, eu os releia.

O amor, fisiologicamente: hormonal
Sentimentalmente: passional
Mentalmente: irracional
Individualmente: social
Religiosamente: universal
Familiarmente: discutível
Ninfomaniacamente: deturpável
Parnasianamente: aperfeiçoável
Psicologicamente: abalável
Visivelmente: saudável
Belicamente: atacante
Adequadamente: agradável
Jogatinamente: defensível
Memorialmente: inesquecível
Paulatinamente: penetrante
Fatalmente: dolorido
Modernamente: agressivo
Sensorialmente: atrativo
Romanticamente: antiquado
Manipuladoramente: usado
Futuramente: recompensado
Antigamente: discriminado
Muito pode-se dizer do amor
Inclusive que rima muito bem com dor
Mas alguém o definiu perfeitamente
Eis as palavras criadas por sua mente:
"Que seja eterno enquanto dure
posto que é chama."

Poema 201 - Desejo


A Série Fósseis foi escrita antes de eu começar a escrever poemas. São poemas iniciais, feitos no ano 2000. Perdidos em anotações velhas e cadernos gastos. Talvez mais para a frente, eu os releia.

Se me dessem um desejo para o mundo
Pediria igualdade social
Se me dessem um desejo à mim
Paz de espírito para aliviar o mal
Se me dessem um desejo de mim para os outros
Consertaria meus erros
Demonstraria aos outros maior zêlo
Ser sentimento perceptivo
E acabar com o egoísmo passivo
Abandonar a razão
Pois só me trouxe perdição
Abandonar a Esfinge
E desistir do caos
Mesmo que me tornasse irreal
Um ser que ao mundo só finge
Mas tudo que quero desses desejos
É fugir de mim
Fugir dos erros, o maior dos anseios
Melhor seria um pequeno curumim
Começar do zero, ressair do ovo
Sem erros, em um mundo novo
Paz de espírito e sem mais erros
Sou covarde, mas é este o maior de todos os desejos

Poema 200 - O Vazio


A Série Fósseis foi escrita antes de eu começar a escrever poemas. São poemas iniciais, feitos no ano 2000. Perdidos em anotações velhas e cadernos gastos. Talvez mais para a frente, eu os releia.

Uma época fui completo
Sem vazios, nenhum espaço aberto
Íntegro e com propósito
Mas tudo muda
E de meu corpo, meu depósito
Surgiu está dor muda
E fiquei com tal despropósito
Sem rumo, sem direção
Os dias passam, agora simples sucessão
Viver pela vida, mas sem razão
Procuro preencher, fazer a união
Mas não existem encaixes
Quebraram-se os engates
Mas o pior desse vazio
Não é viver com sentimentos frios
Nem um dia após o outro
É a sensação da perda do outro?
Desta parte que me falta
Preenchida com velocidade
Ora baixa, ora alta
Mas que só piora com a idade
Pois o que preenche é daninho
E como eu, moinho
Moendo e o vão aumentando
E tais vândalos colonizando
Deixando mais árido o frio
Restando somente um coração vazio

Poema 199 - A Luz na Cama


A Série Fósseis foi escrita antes de eu começar a escrever poemas. São poemas iniciais, feitos no ano 2000. Perdidos em anotações velhas e cadernos gastos. Talvez mais para a frente, eu os releia.


Pai, no mar da ignorância era feliz
Pois ao meu redor tudo eram trevas
Meu lar, meu corpo, meus pensamentos
Mas na lama do desconhecido
Não se sabe que se é feliz até não mais sê-lo
Se era feliz, pai, por que então me mostrastes
A luz?
A luz com sua beleza
Por quê?
Eu, feito de trevas
Tentei abraçá-la, tê-la, ser feito dela
Mas as trevas não são a luz, pai
A beleza, a alegria e a leveza
Características da luz
O amor, a felicidade, a liberdade
Nada disto faz parte das trevas
E agora devo voltar
Ao mar do caos que são as trevas
Volto, porém mais triste
Pois não mais ignoro
Não mais só de trevas é feito o meu mundo
Sei que existe, lá fora, a luz
E viverei triste, pois as trevas não podem ter a luz
Pai, por que me fizestes isto?
Era feliz e agora sofro
No mar das trevas, desejo a luz
E assim são seus caminhos
Por isso pergunto: Por que as trevas conheceram a luz?
Era completo, agora vazio
Pois as trevas querem a luz e jamais as terão

Poema 198 - O Sonho


A Série Fósseis foi escrita antes de eu começar a escrever poemas. São poemas iniciais, feitos no ano 2000. Perdidos em anotações velhas e cadernos gastos. Talvez mais para a frente, eu os releia.


Entremeado em sombras
Lá está o que quero
De mim foges e zombas
Quando ao meu alcance
Ignoro, mas se vejo, é relance
Mas, lá está o que comigo joga
És minhas drogas
Quanto mais longe mais quero
E quanto mais quero mais detesto
O sonho, um vício
Perseguí-lo, um ofício
E sei que te quero
Motivo de vida
Mas em geral, é somente ida
A todo momento mutável
És um ser com mil faces
Ora amável, afável
Ora me sugas com teus enlaces
És o vício e te quero
Nas sombras ou na luz
Por teus desejos tu me conduz
De trevas ou energia
Para mim, claro como o dia
É que te quero

Poema 197 - Série Fósseis - A Sina


A Série Fósseis foi escrita antes de eu começar a escrever poemas. São poemas iniciais, feitos no ano 2000. Perdidos em anotações velhas e cadernos gastos. Talvez mais para a frente, eu os releia.



Destruir ao criar
Esta é a sina deste filho do caos
Não que meus desejos sejam maus
Em geral são tentativas de agradar
Em muitas vezes de ser feliz
Mas como uma maldição
Sigo sempre a mesma tradição
Criar coisas frágeis
Que quando muito se mantem por um triz
Isto se forem sonhos ágeis
Capazes de escaparem de minhas mãos
E cavalagarem o mundo
Sem que eu esteja guiando sua direção
Somente aquilo que me foge
Não adquire este toque profundo
De destruir ao criar
Transformando em pesadelo o sonhar
Pois em mim só chove
A maldição deste criar
Se de carne, sangra
Se sentimento, lembrança da dor
Se da mente, comigo desanda
E tal maldição tem um motivo
Quem no mundo me impôr
Por achar que isto me faz vivo
A sina, à maldição
Do filho do caos, à criação
Destruir ao criar e ao criar, destruir.