segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Poema 19 - Anárkica

 
Anarquia - Caos primeiro
Depois Ordem Voluntária
Humanidade livre do preconceito
Senhora solidária

Quem pode esquecer o desejo
De ser senhor de seu próprio mundo?
Respeitando o movimento, um gracejo
Eliminando essa podridão, esse vil imundo

Somos livres, quando quisermos
Senhores sem servos
Iguais, sem líderes ou reis

Façanha divina
Mas não espereis
Fazei isso agora, com a força de tua ira

Poema 18 - Necessidades


Eu te sinto na minha alma
Como se não pudesse respirar
Tu fazes uma chama em mim, crepitar
Não tenho para onde fugir, não há mais calma

Eu quero gritar ao mundo
Preciso de ti!!!!
Quero ficar mudo
E só poder sorrir

Quero ser parte dessa história
E ter um segundo eterno ao teu lado, glória
Mas isso não é possível

Sou fruto insano e isso é visível
Se me aproximo, fico só
Olhando um céu cinza, feito de pó

Poema 17 - Vermes


Por que essa dor que maltrata?
Transborda os sentimentos
Me humilha, me destrata
Me deixando só, a todo momento
 
Não tenho mais sentidos
Devorados pelos vermes de meu caixão
Só esse sentimento bandido
Me conduzindo à solidão
 
Eu e o verme
Unidos pela paixão
Quem ousa ver-me?
 
Rirás do verme do caixão?
Contato com o mundo, mudo
Inexistência, na alma, em tudo

sábado, 26 de agosto de 2006

Poema 16 - Lobisomem


Lua cheia ilumina o solo
A alma uiva, a pele coça
Correr, para onde? Não olho
O sangue pulsa, o vento me mostra
 
Transformação
A alma é só devastação
Humanidade perdida
Somente a besta, uma grande ferida
 
Menos humano, mais animal
A boca pede sangue
Necessidade primeva, vital
E que ninguém me negue
 
Deve ser abundante
Fluído constante
Mas a noite é curta
Preciso dele, sem luta
 
Atacar rápido, sem ver
Olhos vermelhos, chegam a doer
Então só há escuridão
Acordar perdido, solidão

Poema 15 - Poesia


Poesia
uma amante exigente
me expõe ao mundo em elegia
usa minha mão até jorrar o sangue quente
 
Crava as presas na minha alma
Ri, debocha, tortura e humilha
Me joga na lama e destrói minha calma
E sorrindo diz mordaz: desista, seja uma ilha
 
Sem forças, me entrego
Sorrateiro, soturno, noturno
No mar se esvai meu ego
 
A mão cortada, já sem orgulho
Estende-se ao alto, buscando o ar
E finalmente, a graciosa luz, consegue agarrar

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Poema 14 - Homenagem a Rent 2 - A Vela - Dança no Escuro


Você pode acender minha vela
Enquanto dançamos no escuro?
Me deixe enxergar a chama na tela
Nossas sombras no muro

Passos fortes, distantes
Olhar fixo, calor?
Quebrada a distância, Ah! Sabor!
Passo, passo, dúvida: amantes?

A vela se apaga
Nosso ato; acaba
Corpos distantes, mãos unidas

Coração acelerado, ritmo nas batidas
Novos passos (melodia?), simetria
Outra vela, corpos agora? Epifania!

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Poema 13 - Vampira


Vampira,
Teu nome é sexo
De sangue rubra ira
Destróis o nexo

Que é minha primária fusão
Mais que minha libido literária
És meu fogo, incendiária
E também vento frio de minha paixão

Climas tão antagônicos
Vens a noite sorrateira
Morder-me, que irônico

Com teus dentes, és parteira
Dando-me nova vida e vigor
Mas só querias meu ar, meu rubor

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Poema 12 - Homenagem a Rent


Como você mede um ano de sua vida?
525.600 minutos?
Ou pela estrada percorrida?
Talvez pelas pessoas que escuto?

Podemos medir nosso ano
Pelos aprendizados vividos
Pelos erros cometidos
E também pelos alegres enganos

Pelas emoções sentidas
Pelos sentimentos feridos
Ou pelo fechar das feridas

Mas prefiro contar meu ano
Pelo amor a quem me é querido
Pelo amor a todos que amo

sábado, 19 de agosto de 2006

Poema 11 - Não Existir

A maior parte do tempo
Não quero existir
Mas isso não é desistir
Desistir implica desejo

É mais do que um querer
Para isso teria que viver
Por isso sou fluido, me esvaio
Em corrente de desvario

Por azar, este rio chega ao mar
Encontra o mesmo de sempre
Não pode fiingir, volta a andar

Em andanças e passos que mentem
Acabo voltando ao princípio
Olhar do fundo do precipício

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Poema 10 - As Vezes

as vezes eu queria ser normal
comum como todo mundo
as vezes eu queria ser
mais animal correndo imundo

as vezes eu queria me esconder
no meio da multidão
as vezes eu queria te ter
toda no meu coração

mas não sou normal
não me escondo
não há tenho
não sou animal

sou o reflexo distorcido
de um espelho partido
tentando se encaixar
procurando um par

sou um insano no mundo
distoante na multidão
sou pedaço do caos
em qualquer coração

Poema 09 - Feliz Aniversário, Pai


Mais uma vez distante
E um ano passou galopante
Mais um ano se somou
No calendário do homem que me sonhou

Mais uma vez sem participar
Apenas outro "oi, olá, feliz aniversário"
É suficiente para fazer um filho chorar
Ainda mais quando se controla o horário

Outro ano que se soma ao passado
E mais uma vez não estou ao teu lado
Posso desejar que a distância nos una mais

Mas gostaria mesmo de te abraçar
E sorrindo poder te desejar
Feliz Aniversário, meu Pai

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Poema 08 - Negra Luz Vazia


A alma corroída por tal vazio
Restando dor e frio
Matando-me em partes
Será esse o destino
Uma vida morta, sem arte?
Entre os dedos, um lampejo de alegria fugidia
Quando mais se agarra, menor tua simetria
É tal prisão viva
De negras grades sombrias
Negam-me o grito de esperança, rebeldia
E só há na boca, rota saliva
Se apenas carne sou
Minha alma em pedaços dispersos
Procura a pura luz ou
A salvação em sentimentos honestos
Mas minha janela única é encerrada
E com doídas mãos arranhadas
Arranco em chamas algumas partes
Fazendo dessa parede agora grades
Por onde bebo de minhas lembranças
Banhando-me em luz, parca esperança
E essa dor que é gigante
Torno-me mero pranto quebrantado
Tentando a ti reluzir
Seja tu barro ou diamante
Em memórias, contínuo ir e vir
Frutos daquele breve instante

sábado, 5 de agosto de 2006

Poema 07 - Pequenos Prazeres


Um café quente
Uma caminhada diurna
Uma conversa inteligente
Ver estrelas noturnas

Pequenos prazeres
Mortos pela cinza selva
Com esforço ressurgem da relva
Do concreto de poucos dizeres

Eventos simples e discretos
Vindos de um mundo concreto
Relembrando o abstrato

Fazendo do real o caricato
Denota vida em expansão
Retorno de sentimentos ao coração