segunda-feira, 25 de maio de 2009

Poema 189 - Partir


É triste a tristeza de quem parte
Que vira saudade, remexe e reparte
Sem deixar nada certo, somente dúvidas
Com a alma em prantos, como quem uiva

É pedaço de estrada não construída
Cada tijolo posto ali, uma sacudida
Porque a alma é feita de pedaços
Uma costura tal qual colcha de retalhos

É parte medo, parte saudade, também segredo
Ás vezes se esconde de nós, parte em degredo 
Mas todo mundo cedo ou tarde se esvai e vai

Ninguém fica para sempre, não se vence o tempo
Então pisa com fé, sem nada ver, não te distrai
Parte, não deixa-te para trás e vai com o vento

sábado, 23 de maio de 2009

Poema 188 - Éros e Ágape


Por que não posso mais ter amor
platônico e pueril?
Só por não ter mais pétalas à flor
da minha vida febril?

Por que tenho que amar em Eros?
Quando prazer por prazer, já não quero
Qual o problema em amar ágape?
De coração puro, brilhante como jaspe

Por que minha canção tem que ser comum?
Quando meu grito é único e pessoal
Mesmo que meu grito seja apenas um

É meu tesouro portátil e muito real
Porque não quero ter amor capitalista
Quero ser ágape e não materialista

Poema 187 - Vazio


... e na busca das alegrias
banhei-me em carnes e sangrias
da alma e do corpo, em uma busca
que me fez percorrer estrada tosca

entendi dessas alegrias efêmeras
em nada me saciaram, ao contrário
esvaziaram, tal poço sem fundo ou beira
de cerne vazio e precário

... e suguei a tudo e todos, intenso
intenso na busca, nos recomeços
para tapar o vazio que se fez imenso

pois vazio que não se cura, cresce
metastasia a alma, na pele floresce
é alegria falsa, alegria de tropeço

Poema 186 - Cola e Rabisco


Porque me acostumei tanto com a dor
Que esqueço que posso viver sem ela
Colei-a em mim com fogo e ardor
Agora vivo em pranto e em mazela

Vai-te embora dor, companheira minha
Vai-te agora e não retornes cedo
Pois quero outros pagos, outras linhas
Pois sou mais que teu puro desejo

Ah, minta menos poeta, deixe de história
Tua dor não é tanta, é sim, hábito e memória
Bem sabes que é parte fingimento de vida

Enganar-te com emoções simples e queridas
Mentir para si, acreditar que podes sentir
Uma mentira nova não faz diferença para ti

Poema 185 - Cíclico


Mas que repetição
Outra vez, vou a morrer
Já conheço a canção
Outro pedaço vai sofrer

Porque morrer conheço bem
Talvez seja hora de viver?
Sofrer e aceitar o que vem
Revolução atávica do ser

Talvez viver seja bom
Deixar o casulo da morte
Olhar o sol, jogar a sorte

Até buscar um novo som
Mais vivo que esta marcha
De erros já sem graça

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Poema 184 - Melancolia Futura


Do que ainda não é, tenho saudade
Um aperto na alma pelo que será
A perda futura, tão dificil explicar
Que já sofre a alma, como realidade

Emoção sem nome, tátil, física
Melâncolia do que vai se perder
Mistura de medo e de não crer
Inaceitação da própria partida

Impossível não sentir tão forte
Essa saudade antecipada da vida
Do sentir, calor amigo e da lida

Rumo ao pretenso desconhecido
Ainda que necessário o caminho
Dividiu-se o todo em vários lotes

domingo, 17 de maio de 2009

Poema 183 - Único


E todos os dias eu me repito
Mesmos atos e pensamentos
Reajo da mesma forma, me lamento
Procuro risos, escândalos e grito

Minha velha alma tão mecânica atual
Sou o único existente invisível?
Ainda tenho alma ou matéria tangível?
Ou já fui absorvido nessa vida brutal?

Mesmos passos todos os dias
Mesma ânsia de liberdade
Grito mudo com toda vontade

O que saí é profundo, mas inaudível
Pois sou peça, parte substituível
Minha unicidade perdida

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Poema 182 - Escolha


A vida me ensinou a morrer
Em jogos, em grupos e relações
Mas foram, a seu modo, revelações
A cada vez aprendi a viver

Quem nunca morreu, não vive
Acumula em uma única existência
Peso, pó e desistência
Pois nem toda morte é triste

Não se nasce antes da morte
Mas se escolhe o destino, a sorte
Menos no muro da indecisão

Morrer por querer é escolha
É crescer ramos e folhas
É prumo, rima e chão

Poema 181 - De copo em copo


Esse poema foi escrito em algum momento de 2007 e estava perdido entre várias anotações.


De copo em copo, o riso alegre
Meu sorriso se perdeu
Meu sorriso já não é meu
A vida assim segue
Por quê? Aonde isso vai?
A quem negue
Negar para quê? Tão mordaz
Sempre igual, tal qual neve
Branco e frio, mortal e leve
Foi-se, então, de copo em copo
Eis-me aqui, ainda me importo

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Poema 180 - Do Amor


Nada pode salvá-lo do coração
Porque o amor está por ai
São tantas canções que batem aqui
De amores e tristezas, comoção

Nada pode salvá-lodo armo
Pode fugir, se esconder, resistir
Mas como vagalhão, vem atrás de ti
Como doença, doença com sabor

Vírus de febre, tosse e cegueira
Que busca defeitos, flechas certeiras
POr que quem sabe e quer amar?

Coração inventado, em cena, espetáculo
De ti, qeum sabe se deve escapar?
Nada pode salvá-lo do vísivel toque velado

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Poema 179 - Amor e Desamor


O amor, o amor é perfeito
Não tem tristeza ou tortura
Não bate, não inibe ou censura
O amor não é pronto, é feito

Amar é escolha, é decisão
Não paixão ou bomba  hormonal
É suave, maduro, até racional
Amor é um ato fundamental

Mas não sabemos amar de verdade
Prendemos, consideremos propriedade
Inventamos desculpas e acusações

Porque medo e insegurança
Ciúme, ódio e desconfiança
São do amor anátemas e constrições

Poema 178 - Elegia para uma princesa ou Versos Tristes e Sinceros


Porque eu nunca amei até estar contigo
Eu nunca sofri até te perder
Eu nunca soube desse castigo
Eu nunca precisei tanto morrer

Porque tu fostes aquela flor no campo
A mais preciosa margarida
Aquela que a vida quer tanto
Aquela que não merece ferida

Mas o poeta não te deu valor
O medo foi maior do que o amor
E de tudo fiz para te afastar

Porque não só de coração, se faz amar
Amar se faz de carinho e decisão
E eu não te fiz, voltei a valsa da solidão

Porque nem mesmo as eras ou as dores
Me tiram o pensamento de ti
Porque tu como eu disse, és flores
E eu, por esforço te perdi

E todos nós cantamos a mesma canção
O tango, a valsa, da dor e da desilução
E nessa valsa eu vou rodando
E meu coração lembrando

De cada erro e cada gesto e cada grito
De cada olhar, de meu medo e desatino
Pois fui fraco e covarde nessa vida
Me feri, mas sofro pelas tuas feridas

E eu poderia te dizer várias coisas em canção
E nenhuma delas expressaria meu amor
Nem meu carinho, nem o valor do teu sabor
Da tua pele junto a minha, ou teu coração

Porque eu nos matei e morri assim
Eu construí a muralha da paixão
coloquei blocos de medo carmesim
E me fiz soldado disparando o canhão

E meu alvo de amor e sofrimento
Tua paixaõ e teu lamento
Como se tu não pudesses estar comigo
Como se tu fosses o inimigo

Quando tudo que eu via, era especial
A maior companheira, de amor triunfal
Aquela que eu queria me entregar
E deixei o medo me naufragar

E toda a lembrança é saborosa
Mas também é fel e dor teimosa
Que não é mais amor ou carinho
É a tristeza do poeta sozinho

E mesmo triste e ainda sofrendo
Eu só te peço: seja feliz, meu amor
Porque o poeta é tolo e sofredor
Mas tu és plena em alegria e dividendo

Porque tua planatação tem viço
Teu carinho se fixa em qualquer lugar
Tu és a dama em esplendor nada vulgar
Mesmo quando  triste ou em martírio

E meu carinho te quer tão bem
E me faz ficar longe por proteção
Mas estou sempre ao teu lado e com razão
Tu mereces do poeta tudo que ele tem

domingo, 10 de maio de 2009

Poema 177 - Luxúria


Luxúria, luxúria degradante
Teu vinho envenena minha alma
Tua mistura suga a minha calma
Luxúria, nos poros inebriante

És tu musa da carne e do sal
Das aves do céu que querem só meu mal
Quem és tu luxúria, luxúria intoxicante
Vindo devorar-me em cada instante?

Musa do Caos, Tira teu dedo em riste de mim
Tira tua face da minha frente, não te quero ver,
Pois sei, vejo-te musa, meu espelho sem umbral

Tu és Luxúria, luxúria de fogo, fígado e rim
Queima, tortura, seduz pelo teu próprio prazer
Não sou essa carne e sangue, vai-te musa infernal! 

Poema 176 - Mentiras de Poeta


Eu poderia te contar sobre fábulas
Te levar a lugares nunca visto antes
Te diria maravilhas e pragas de bulas
Como nas infinitas visões de um mirante

Te inebriaria com imaginação e poesia
Eu poderia tudo isso, tudo mentiras
Histórias de sedução, em prosa e rima
Feitas para seres minha em elegia

Te contaria as mesmas mentiras recorrentes
Criadas para manter me cativo, entre correntes
Sugadas de outros,mas muitas minhas patentes

Até descobrires nas fábulas, a verdade
A poesia real não está em nenhuma beldade
Estava em ti e eu sugava tua fecundidade

Poema 175 - Loucura


Para que isso?
Para que esse comportamento?
Cadê o teu juizo?
Qual a fonte que estas bebendo?

Queres gritar e explodir
Na parede a cabeça colidir
Deixar sangrar e sorrir
Como solução, teu dormir

Loucura, loucura de poeta
Repetir os mesmos erros
Prova de uma vida sem meta

Loucura, loucura completa
Cutucar a ferida sempre
Até a dor te deixar doente