domingo, 5 de julho de 2009

Poema 196 - Tristeza


Perdidos de 2008

Tristeza - 14/10/08

Meu corpo atraí tristezas
Como fogo e luz, mariposas
Minha alma morre sempre
Responde a tristeza perene

Na luz, meus olhos são sombras
Minha pele queima ao contato
Com alegria, suspiro ou ato
Na luz, minha alma em coma

Porque nunca há luz nesse inverno
Turbilhão de dores, mar eterno
O poeta, com feridas expostas

É dor e tristeza a aposta
Porque não há vencedor aqui
A tristeza me olha e sorri

sábado, 4 de julho de 2009

Poema 195 - Confete

Minha alma é feito confete
que não tem nada para dizer
Porque minhas noites se derretem
Penso o tempo todo em você

Nessa rima infantil
Sem pirraça ou gracejo
Brinco entre tantos mil
De sonhar entre bocejos

Porque juntar palavras é fácil
Difícil é dizer algo
Que alavanque o ego

Quem tanto fala de confete
Só pode dizer e então repete
Que tudo que vê é vazio

Poema 194 - Matéria Inóspita


Tentei escrever-te em poema
o que sinto, mas minha pena
Não pode prender-te, liberdade
Pois és fruto da alma e da verdade

Pois a liberdade sincera e amada
Está pelo corpo fixa e entalhada
Move-se em derredor como vento
E nos carrega além do tormento

Ainda que questionem a verdade
De ti liberdade, quero herdade
Pois sem ti, sou carne e perdição

Ainda assim, não poderei dizer-te
Pois impossível à matéria render-te
Alegro-me, assim, sentir-te, tal canção

Poema 193 - Vento Entalhado


Disseram-me sobre liberdade
Coisas várias, questionadoras
Pisaram minha alma já em mocidade
Apontaram para o umbigo, amadoras!


Subjugaram minhas idéias
Questionaram o certo e o errado
Quiseram afastar-me com regalo
Inventando brios e panacéias

Mas antes do tempo ser tempo
Foi gravado em mim a noção
Que o absoluto é vento

Percorre meu corpo em canção
Pois ouço no meu ventre em mármore
Essa seiva, entalhe de árvore

Poema 192 - Asas


Porque podem atar nossos corpos
E esmagar nossas fímbrias e ossos
Ainda assim não estarei cativo
Pois fiz a escolha, fui ativo

Decidi a tempos não estar limítrofe
Envolto em carne e ligações teciduais
Liberdade! Estás aquém das rédeas carnais
Pois é da alma o reino livre da fé

Com a escolha da alma e da mente
Decidi por Deus, crescer e ser vivente
Alma, livre, pois é sopro e pó

Pois preso ao corpo, vive-se de momento
Mas a liberdade é justa, sem tormento
Minhas asas são fé, sem dor, mó ou dó