segunda-feira, 26 de março de 2007

Poema 67 - Máscara do Consolador

 
Chega de eu ter que ter certeza
parem de me procurar e achar
Que eu devo sempre vos apoiar
Não tenho respostas ou clareza
 
Não sou essa aparente fortaleza
Eu também desejo desmoronor
Obrigado, não precisam me consolar
Conheço bem este fardo de presteza
 
Não quero nem estou no controle
Deste Eu não quero mais o nome
Por hora, fechei essa estrada
 
Sou agora eu e apenas eu
Máscara de Consolador, adeus
Estou livre da tua fachada

Poema 66 - Dormindo Com o Nariz de Boccage

 
Dormir, dormir, dormir
Dormir para do mundo fugir
Para nos sonhos viver
E neles poder renascer
Dormir para poder sonhar
Para o prêmio ganhar
Até mesmo dormir por prazer
Da boca à baba escorrer
Dormir até da cama cair
Com os olhos abertos não querer ver
Ainda no chão voltar a dormir
Dormir, dormir, dormir
 

Poema 65 - Mundo Oculto

 
Estamos em todos os lugares
Também estamos em nenhum lugar
Você está sob nosso olhar
Mas não nos vê com vossos olhares

A distância é de um passo
Mas você está a quilômetros
Nosso passo é de centímetros
E apenas nós podemos andar
 
Você quer me sentir, tocar e achar
Isso acontece só se eu deixar
Nós te alcançamos quando queremos
 
Nossa essência é efêmera
Vocês, terra fértil, carne, fêmea
Onde plantamos, depois colhemos

Poema 64 - Porto Seguro

 
Nestes meus braços tão enormes
Cabem tantos e tantos barcos
Mas tenho o sorriso parco
Apenas um barco nele pode
 
Tornei-me porto viajante
Para ser casa em todo lugar
Dar segurança ao viajar
Ao sofrido barco errante
 
Tem um poder mágico neste cais
O belo sol nascente que traz paz
Não se traduz em palavras bonitas
 
Pois perderia todo efeito
Assim esconde-se em defeitos
Mostrando pois a água que agita
 

Poema 63 - Medo do Escuro

 
No escuro não há gatos pardos
Há elemento pior, a mente
Ela te prega peças dementes
Quando deixa de ser coerente
 
Ouve barulhos no silêncio
E vê vultos na própria sombra
É só teu medo quem te assombra
Quando rompe teu inconsciente
 
Onde reside tua coragem?
Sem luzes criadas, és covarde?
Morre! És escravo da tua mente

sexta-feira, 23 de março de 2007

Poema 62 - Nossa Bagunça

 
Estou ouvindo uma suave canção
Que me manda procurar o teu coração
Achar a chave e a bagunça olhar
Encontrar um espaço e lá me sentar
 
Estender os braços e sorrir
Porque não posso a bagunça arrumar
Mas ajudarei em tudo se precisar
Só que isso vai gerar confusão
 
Nossas bagunças vão se misturar
Pois minha presença é furacão
São fortes meus ventos em rotação
 
Há um olho de calma, basta procurar
Um espaço sem bagunça, seguro
Ali construiremos nosso futuro

Poema 61 - Rochas Humanas

 
Dizem que quem com as estátuas fala
Possui alma boa e solidária
Têm elas filosofia humanitária?
Ou seu coração de rocha se cala?
 
Mas se as rochas falam e filosofam 
Quais serão os sonhos dos computadores?
Ainda que isso nos cause horrores
Seus cérebros, como os nossos, desligam
 
Nada sei sobre as rochas e os PCs
Mas sei algo sobre eu e sobre você
Que somos tão rochas e tão mecânicos
 
Amamos máquinas sem menor vergonha
Odiamos o outro sem cerimônia
E estender a mão nos causa pânico
 

Poema 60 - Poesia III

 
A minha arte a este mundo deforma
Sei disso porque é o que diz e informa
O ato das pessoas, ato de reforma
Buscando (entendendo) o que sobra, em sua desforma
 
Minha arte pega o mundo e retorna
Entropia e caos sobre ele entorna
Mostrando o belo e o feio na obra
Da criatura-homem que ao mundo dobra
 
Minha arte é motivo de perseguição
Pois mostra ao homem seu final, a danação
E sonha com a volta da era de ouro
 
Pois nessas soturnas erais finais de barro
De levante decadências sem amparo
Minha arte embala o novo ao forno 

Poema 59 - Poesia II

 
Poesia é falar das coisas simples
Ver magia no cotidiano
É contentar-se  com o mundano
É eternizar o que se sente
 
É falar bonito das dores da gente
É um gritar sem motivo aparente
O calor do verão no inverno frio
Na alma sentir aquele arrepio
 
Poesia, ver o mundo por meus olhos
Míopes de buscar o encanto
Neste mundo já com tantos prantos
 
É tocar o sentido da vida
Mesmo nas guerras tão atrevidas
Buscando curar nossas feridas
 

quinta-feira, 1 de março de 2007

Poema 58 - O Sorriso da Dríade

 
O mais belo sorriso, é de uma fada
Suave brisa de ar, é lufada
Surge radiante em esplendor
É um hipnótico bálsamo da dor
 
Mas cuidado com o sorríso da dríade
Pois sua beleza em miríades
Cega homens sem coração puro
E mata ímpios de coração duro
 
Vale perder a vida e ver tão belo sorrir?
Prometeu deu-nos o fogo e está a fugir
Logo, aos deuses eu também devo olhar
 
Sim, verei o sorriso puro e cristalino
Talvez resista, talvez ache meu assassino
Certo é, meu desejo se saciará
 

Poema 57 - Ajuda

 
Conheço tua fachada de firmeza
Quando todos estão maus, és fortaleza
Mas quando tu, enfim, desabares
Terás em meus braços teus pilares
 
Ainda que de rocha eu seja
Não é eterna minha dureza
Quando, afinal, o mar me furar
Me deixarias nele afogar?
 
Mas plantei muitas flores sobre mim
A rocha transformada em jardim
De raízes fortes, me mantêm coeso
 
Mesmo golpeando-me, não desfaleço
Caso morra o jardim, por algum preço
Terei sementes para o recomeço

Poema 56 - Revolta

 
Cuspo de volta teu sangue podre
Esta vida de falsos valores
Arranco de mim tua carne vil
Adeus para teu pérfido ardil
 
Agora morra meu deus interno
Daemon, não sou teu subalterno
Só revolta e indignação
Sou o sal da terra, a maldição
 
Teus ícones ciso, mundo, adeus
Gargalho, aceno, aos fariseus
Destruí vossas armas no xeol
 
Mundo falso, és vicissitudes
Teu calor falso em atitudes
No fim, tenho meus nasceres-do-sol
 

Poema 55 - Jornada

 
Eu preciso de um desafio
Que esteja a minha altura
Que seja musa com tal ternura
Sendo fogo, queime meu pavio
 
Seja de força só o bastante
Para aniquilar minha mente
Destruir da alma às correntes
Tornar-me em tudo como antes
 
De comportamento tal qual rio
De profundo, afete meu brio
Mas ágil, me torne diamente
 
Que seja simples ao ser complexo
Muito menos endo e mais exo
Existindo em vida vibrante