terça-feira, 28 de novembro de 2006

Poema 31 - Horizonte de Evento


Sou um ponto, um 1 existencial
Queria ser o Horizonte do ponto
O zero não existencial, não pronto
No fim sumir desse quadro matricial

Cansado corpo da dança supérflua
Era eu, apenas barro criativo
Sou um periódico repetitivo
Rogo assim que meu interior flua

Esvaziando-me, fico esmaecido
Transparecendo-me só e esquecido
Alcançar a meta: a pureza dos zeros

Ao deixar de ser, serei puro em tudo
Serei uno ao universo, meu mundo
Pai insensório, meu próprio Eros

Poema 30 - Derrota


Novo momento, mais uma vez eu perco
O passado, um desenlace presente
Ponto, linha, ponto, ciclo recorrente
E dessa forma de derrotas, eu me cerco

Mas quando perco, saio fortalecido
Desaba meu orgulho, estou a ceder
Mas se nada tenho o que posso perder?
E assim sou livre, puro, não vencido

Meu ritmo próprio é lento passo
E perdendo, sou não-eu e me refaço
Mais complexo, mas com menos matéria

Sigo perdendo por escolha própria
É esse o meu tipo de vitória
Atingir essa tal forma etérea

Poema 29 - Andróide Humano


Sou conjunto de números em sucessão
Neon e fibra de vidro, meu corpo trilha
LED vermelho em stand by, alma-milha
O que faço é uma binária decisão

Dos vícios, embriaguez sensorial
Na batida forte dos graves das ruas
No apertar de botões surgem agruras
Reflexão inconsciente residual

Chega de ser minha cor da moda
Minha barulhenta e cromada roda
Inspiro refrescância globalizada

Cacos de vitrine, quero ter a chance
Comer mentiras na hora da revanche
Dados de carbono, nova caminhada

Poema 28 - Aço


Eu, martelando o metal na bigorna
Derramando o aço no fogo quente
Faz-se amizade no calor ardente
Aço puro sem nada que lhe adorna

É certa a lealdade da espada
Rijo balanceio fere a maldade
E seu gume destrói a iniqüidade
Mas a lâmina só, é esvaziada

A forja reacende e eu martelo
Com cândidos precisos golpes cinzelo
E eis que surgindo vermelho o metal

O usa o espadachim e aplica
E sua mão amiga o multiplica
E eis meu exército, sempre atual