segunda-feira, 9 de julho de 2007

Poema 82 - Medo e Jardins


Quero cultivar em mim
E também junto de ti
Um infinito e duradouro jardim
Tão belo quanto sons em latim

Porque sei que meu vazio
Não vem de estar longe
Porque estou contigo sempre perto
Dentro de meu corpo, isso é certo

É difícil lutar contra o costume
De sentir essa dor que já é roupa
Me faz transpor à ti, como trouxa
Sufocando sem necessidade o que nos une

É desses sentimentos ancestrais
Como o medo de sair das cavernas
Ou a perda das alegrias tão belas
Que me faz buscar refugio nela

Mas esses medos tão viscerais
Não provem em verdade de outro
Rastejam em meu lodo roto
Buscando embaçar meu ouro

Este meu lado mal
Busca solapar de forma tal
Destruir aquilo que construo
Pelo prazer de findar o futuro

Mas tenho sim uma certeza
É que é bom que prevaleça
Triunfante contra o vazio
E contra o nada tão frio

Este meu lado bom
E que ninguém seja culpado
Ou carregue por mim o fardo
De colocar-me no certo tom

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