quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Poema 108 - Leprosos e Desgarrados


Caiam, caiam todos
Não me importo
Lamurias e muxoxos
De vossos olhos rotos

São vossas almas descarnadas
Vossos peitos atravessados
Pelas flechas envenenadas
Da luxúria, tranpassados

Caiam, caiam todos
Rolem pelos esgotos
Pelas bocas fédidas em gosto
Rolem até o fim em desgosto

Rolem, caiam e me levem
Acabem com tudo isto
Não quero nem que seja breve
Gritem em uníssono

Gritem minhas culpas
Minhas mágoas, minhas desculpas
Meus erros carregados
Do passado com gostos amargos

Gritem que nunca amei
Gritem que já matei
Gritem que odeiei
Gritei que me matei

Gritem, mas me levem
Com a morte, me carreguem
Por que se nem digno eu for
De bater as portas
De deixar as botas
Só me restará a dor

Matem-me, vós devassos
Funéros e desgarrados
Prendam-me com vossos laços
Sou tão leprosos quanto vossos ascos

Nenhum comentário: