segunda-feira, 29 de junho de 2009

Poema 191 - Poeta Pimentinha


Ah, Poeta, poetinha
Te divertes com os mesmos laços
Sabes aonde leva essa corda
Então por que insistes?

Ah, Poeta, pimentinha
Buscas esse prazer devasso
De adivinhar quem te acorda
Por que tens o olho em riste?

Ah, poeta, salpicado
Busca outro bordado
Pois esse é mecânico isolado

Ah, Poeta, compulsório
Vá além de passos irrisórios
Saí desse eterno sanatório

sábado, 20 de junho de 2009

Poema 190 - Humanidade


Humanidade quando te verás
Especial como realmente és?
Por seres criação de amor e paz
Até quando sofrer por teu viés?

Teu orgulho cria teu próprio jugo
E colocas culpas em quem não merece
Pois a regra é clara em tudo
Mas escolhes o erro e assim pereces

Humanidade, tu sabes, cumpre teu papel
Não fujas da tua responsabilidade
Retorna à Deus, deixa de lado o fel

Humanidade, deixa para trás as intrigas
Teu coração sabe a lei, em prosas e rimas
Busca tua espiritual maturidade

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Poema 189 - Partir


É triste a tristeza de quem parte
Que vira saudade, remexe e reparte
Sem deixar nada certo, somente dúvidas
Com a alma em prantos, como quem uiva

É pedaço de estrada não construída
Cada tijolo posto ali, uma sacudida
Porque a alma é feita de pedaços
Uma costura tal qual colcha de retalhos

É parte medo, parte saudade, também segredo
Ás vezes se esconde de nós, parte em degredo 
Mas todo mundo cedo ou tarde se esvai e vai

Ninguém fica para sempre, não se vence o tempo
Então pisa com fé, sem nada ver, não te distrai
Parte, não deixa-te para trás e vai com o vento

sábado, 23 de maio de 2009

Poema 188 - Éros e Ágape


Por que não posso mais ter amor
platônico e pueril?
Só por não ter mais pétalas à flor
da minha vida febril?

Por que tenho que amar em Eros?
Quando prazer por prazer, já não quero
Qual o problema em amar ágape?
De coração puro, brilhante como jaspe

Por que minha canção tem que ser comum?
Quando meu grito é único e pessoal
Mesmo que meu grito seja apenas um

É meu tesouro portátil e muito real
Porque não quero ter amor capitalista
Quero ser ágape e não materialista

Poema 187 - Vazio


... e na busca das alegrias
banhei-me em carnes e sangrias
da alma e do corpo, em uma busca
que me fez percorrer estrada tosca

entendi dessas alegrias efêmeras
em nada me saciaram, ao contrário
esvaziaram, tal poço sem fundo ou beira
de cerne vazio e precário

... e suguei a tudo e todos, intenso
intenso na busca, nos recomeços
para tapar o vazio que se fez imenso

pois vazio que não se cura, cresce
metastasia a alma, na pele floresce
é alegria falsa, alegria de tropeço

Poema 186 - Cola e Rabisco


Porque me acostumei tanto com a dor
Que esqueço que posso viver sem ela
Colei-a em mim com fogo e ardor
Agora vivo em pranto e em mazela

Vai-te embora dor, companheira minha
Vai-te agora e não retornes cedo
Pois quero outros pagos, outras linhas
Pois sou mais que teu puro desejo

Ah, minta menos poeta, deixe de história
Tua dor não é tanta, é sim, hábito e memória
Bem sabes que é parte fingimento de vida

Enganar-te com emoções simples e queridas
Mentir para si, acreditar que podes sentir
Uma mentira nova não faz diferença para ti

Poema 185 - Cíclico


Mas que repetição
Outra vez, vou a morrer
Já conheço a canção
Outro pedaço vai sofrer

Porque morrer conheço bem
Talvez seja hora de viver?
Sofrer e aceitar o que vem
Revolução atávica do ser

Talvez viver seja bom
Deixar o casulo da morte
Olhar o sol, jogar a sorte

Até buscar um novo som
Mais vivo que esta marcha
De erros já sem graça