quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Poema 115 - Elegia de Medo e Vida


Arma-te com teus chicotes de medo
E agrida-me com tuas farpas
Minha armadura não protege de tuas armas
Meu escudo jaz no chão, esmigalhado

Vem o primeiro golpe, está nua a minha carne
Corta, dilacera, é na minha alma que arde
Vem o segundo golpe, prostro-me de joelhos
O sangue, visceral e anímico, entre a areia e os artelhos

Fraco, já não sinto mais a dor
Morto? Ou seria um estado de torpor?
É a vida em verdade que me alerta
Causa dor e sofrimento, como envenenada seta

Não tenho medo de ti, ó vida
Vinde, vinde certeira, causar-me feridas
Pois só morto não sentirei tua dor

Assim escolhi deixar-me atingir
Quando meu peito a ti abri
Escolhi não fugir ou esquivar
Da tua alabarda em furia a me queimar

Porque a morte consiste em não sentir
Por causa da dor e medo e desistir
Abandonar o sonho de viver e sorrir

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