domingo, 6 de dezembro de 2009

Poema 204 - Estragos

A Série Fósseis foi escrita antes de eu começar a escrever poemas. São poemas iniciais, feitos no ano 2000. Perdidos em anotações velhas e cadernos gastos. Talvez mais para a frente, eu os releia.

Sou bomba, sou faca, sou arma
Se papel ou míssil
A tudo torno físsil
Sou o explosivo que se arma
Lançando-me em todas as direções
Criado para destruir multidões
Aparento o belo e tenho mão de amigo
Mas lhe assustando a alma, a tudo é inimigo
Quebro, rasgo, explodo, corto
Alguns perguntam se me importo
Apenas prossigo o estrago
Com um dedo ofereço um trago
Mas com garras eu lhe rasgo
Meu sorriso de grande beleza
Conduz a morte com certeza
Destruíção física ou mental
Não importa a proteção
Pois te caço, sou animal
Teus muros, diante de mim cairão
Surjo eu como irmão
Trazendo no peito destruição
O caos me ama, sou confusão
E teus sentimentos, mato com paixão
Seja físico ou etério
Em qualquer nível, te despejo ao necrotério
Espada, machado, flecha ou lança
Trago dor aqueles que meu consolo alcança
Sim, sou dor, mas há esperança
Aos que sobrevivem a minha matança
Não há morte para mim, humilhação
Continuarão íntegros e viverão
Rindo da minha diversão
Estragar, destruir, profanar
É meu destino, já tentei escapar
Mas sou arma de dor
Anseio ver teu pavor
Aos que sobrevivem a minha profissão de amor
Tornarão-se tão distantes
Dizendo meu nome em sussurros
Carregados a mim por ventos uivantes
Atingindo meus ouvidos duros
A minha existência, torturando
Pois, só em estragos vou caminhando
Sejam em outros ou próprios
Pois é este meu ópio
Estragos e dor
Minha profissão de amor
Dos outros sugo, em mim me alimento
E quando chegar o fim
Só haverá em mim
Estragos e lamentos

Nenhum comentário: